quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Pegando um bronzeado! Playa Blanca e Islas del Rosario

Acordei cedo e fui para a área do café da manhã. Vi uma família conversando em português e meu lado caradepauzístico aflorou. Aquela era uma das muitas conversas entre brasileiros que eu ouviria em Cartagena... os brazucas tinham invadido a cidade, junto com argentinos e outros latino-americanos. Vi alguns europeus e norte-americanos também - geralmente jovens mochileiros -, mas eram minoria.

Conversando com a família - pai, mãe e duas filhas adultas jovens -, descobri que eles moravam no mesmo bairro que eu em Brasília. E mais: eles tinham agendado um passeio a Rosario e Playa Blanca. 40 mil pesos (ou 45, não lembro) mais 13.500 de taxa a ser paga no porto. O pessoal da agência de turismo passaria com a van no hotel às 8:30. Esperei junto com eles e perguntei se ainda teriam vaga. Tinham. Então bora lá!

A van passou em outros hotéis da região e nos levou ao muelle de la Bodeguita (em frente à Torre del Reloj), de onde partiriam as lanchas. Faríamos o passeio, digamos, clássico: Playa Blanca (quem quiser, pode descer e ficar direto lá) - Islas del Rosario (opções: fazer snorkelling perto de um barco de apoio ou ficar na praia; tem também o oceanário, mas não funciona às segundas e por isso não tivemos essa opção) - Playa Blanca e retorno a Cartagena.

As opções de transporte são:
- lancha: saída de Cartagena às 9:00 ou 9:30; chegada à Playa Blanca lá pelas 10:30 para desembarque dos interessados; chegada a Rosario entre 11:00 e 11:30; partida para a Playa Blanca lá pelas 13:00 e partida para Cartagena às 15:00, chegando lá pelas 16:00;
- barca: dizem que o trajeto é mais confortável, mas é bem mais lento e isso prejudica o tempo que você passa na praia; não conheço ninguém que tenha feito e não tenho como opinar;
- ônibus ou van: a "ilha" Barú, onde fica a Playa Blanca, é na verdade uma península. Aqui e aqui vão algumas orientações sobre como chegar lá, inclusive por via terrestre. Uma outra opção de transporte terrestre é oferecida pela Mamallena Tours. As saídas são diárias em frente ao hostel de mesmo nome, no bairro Getsemaní.
Acredito que as lanchas rápidas sejam a forma mais popular.

No trajeto até o porto, tínhamos recebido uma folha para preenchermos nossos nomes. Esses nomes foram conferidos e chamados pela outra equipe, a da barca. É bom escrever seu nominho com letra legível! Tarefa nem sempre fácil quando se está numa van em movimento. 

Entramos na barca e cada um pegou e vestiu seu colete. Eu já tinha feito alguns trajetos de barco em que o colete fica só de enfeite (se o barco começar a afundar, você briga pelo seu e veste: catamarã para Morro de São Paulo, barca Rio-Niterói...). Esse passeio costuma receber críticas pelo esquema meio bagunçado (lá na frente eu falo sobre isso) e a questão dos coletes foi tratada de forma quase correta: todos os passageiros já com eles amarrados; mas não vi nenhum barqueiro de colete. EPI sempre, meu povo!

Nesse dia, praticamente não tirei fotos. Tentei gravar alguns vídeos e descobri que não sei fazer isso! Bem, vamos lá:

Pessoal entrando na lancha

O primeiro trecho (Cartagena - Barú) até que foi tranquilo, mas depois a lancha vai muito rápido e entra muita água no barco. Pelo menos quem está na lateral fica encharcado

Chegando à praia. Não lembro se era Playa Blanca ou Rosario


Saindo de Cartagena, passamos primeiro num povoado perto do forte San Fernando de Bocachica. Fica na Isla de Tierra Bomba e é uma vila de pescadores bem humilde. O Google Streetview tem passeios virtuais pelo forte e por uma parte da vila. A lancha deixou e pegou barqueiros em Bocachica. De lá, continuamos rumo a Playa Blanca.

Chegando lá, um grupo de jovens norte-americanos desceu. Apesar de ter lido na internet muita gente dizendo que não valia a pena o passeio a Rosario (pelo menos não à praia pública), decidi ir para formar minha própria opinião.

Chegando a Rosario, tivemos a opção de ficar na praia ou fazer snorkelling, nesse último caso por um adicional de 30.000 pesos. Optei por ficar na praia. Para desembarcar, usamos um pequeno píer. Os barcos ficavam no mar dando apoio ao pessoal do snorkel. Quando voltavam ao píer, sabíamos que era hora de partir para a próxima etapa. A praia era de pequena extensão - delimitada por umas porções de mangue, com umas casinhas de apoio mais para a parte de dentro... local sem muita estrutura. Pendurei minha sacola numa árvore e fui para a água tentar ver alguma coisa com o snorkel que eu tinha comprado em Brasília. Fail total! Depois de algumas tentativas engolindo água salgada, desisti. Eu devia ter treinado antes em alguma piscina. 

Pendurar as coisas numa árvore e ir para o mar? Pois é, eu não tinha a quem pedir que ficasse olhando minhas coisas (em Barú, pedi esse favorzinho à família brasiliense que tinha ido junto). Outras pessoas estavam fazendo a mesma coisa e fui na confiança. Na verdade eu estava com um porta-trecos que tinha comprado numa loja de mergulho antes de viajar, onde tinha colocado o dinheiro. Na verdade era um porta-celular, que serviu bem para isso.

A água estava esverdeada e não muito cristalina: algumas folhas e sedimentos das ilhas próximas, talvez por causa das chuvas. Rosario tinha alguns vendedores ambulantes, mas nada comparado ao que veríamos depois em Playa Blanca!

De Rosario a Playa Blanca, o barco foi super rápido. A descida da lancha foi mais complicada, pois não havia píer. Tínhamos que pular na água a uma altura que batia na cintura da maioria das pessoas. No nosso barco havia um casal com um bebê (muito fofo, com a camisa da seleção colombiana) e foi difícil para eles. Havia também algumas pessoas idosas, que em alguns casos foram carregadas no colo por outros passageiros. Eu, muito desastrada, caí com o traseiro no assento antes de conseguir sair do barco. Foi fácil escorregar, já que o barco estava cheio de água (vimos os rapazes tirando uma parte com baldes enquanto estávamos na praia). Pelo menos não machuquei o tornozelo - que ainda não está totalmente bom desde a torção que sofri em fevereiro.

Playa Blanca tem água mais cristalinas, mas vi uma ou outra garrafa plástica por ali. É uma região atingida pelo turismo de massa. Não estava superlotada, pois era segunda-feira e em baixa temporada. Os vendedores ambulantes, muitos e insistentes. Vendedores de colares, de todo tipo de comida, mulheres oferecendo massagem... uma já foi pegando no meu pé e começou a esfregá-lo com creme. Tive que ser rápida e incisiva. Às vezes acabava entrando na água mais para fugir dos vendedores, hahaha!

O mar não tinha ondas - somente umas marolinhas muito leves. Acostumada ao mar bravo que predomina no Ceará, aquilo para mim foi uma coisa incrível e fascinante. Entrei na água e fiquei simplesmente boiando. Aqueles momentos valeram o stress do desembarque e dos ambulantes.

Bateu a fome e nosso pacote não incluía almoço. O que não falta são vendedores de bebidas e comidas. Já que não como peixe, pedi uma salada de frutas (5.000 pesos) e uma cocada (2.000). Também acabei pedindo uma água de coco, a mais cara que tomei na vida: 5.000 pesos (cerca de 7 reais!!!). Eu tinha levado água mineral, mas não em quantidade suficiente. Vacilei.

Se em Rosario os barcos ficam separados dos banhistas, em Playa Blanca isso não acontece. Banana boats e embarcações em geral ficam passando entre as pessoas. Não vi nenhuma situação de risco real, mas isso porque não havia tanta gente assim. Em alta temporada acredito que possa ser perigoso.

Playa Blanca

Antes que a maré ficasse mais alta, os barqueiros nos chamaram e voltamos a Cartagena. É importante prestar atenção para não perder o barco! Mesmo esquema: lancha rapidíssima e muita água entrando.

Resumindo, com algumas dicas:

- Importantíssimo levar pelo menos 1 litro de água. Eu tinha levado só uma garrafinha de 500ml e acabei me submetendo a comprar a caríssima água de coco de 5.000 pesos.
- Protetor solar! Eu até tinha levado, mas não me preocupei com as aplicações - estava nublado - e depois fiquei com a pele descascando. 
- Chapéu e/ou boné: não senti necessidade porque estava nublado, mas recomendo.
- Se levar snorkel, aprenda a usá-lo antes!
- Não aceite "regalos" (presentes) dos vendedores, como ostras para degustação. Caiu na rede, é peixe. Eles cobram, e muito caro. Lembre-se daquela frase dos economistas: "Não existe almoço grátis!"
- As condições de higiene são um tanto precárias - cães andando na areia, uma ou outra garrafa de plástico por aí... - se não quiser se arriscar, leve alguma coisinha para comer.
- Se quiser escapar do assédio dos ambulantes, vi em alguns sites por aí que desembarcar em Playa Blanca e andar um pouco para mais longe é uma boa opção. Fique de olho no local e no horário para não se arriscar a perder a lancha na volta!
- O embarque/desembarque da lancha em Playa Blanca é difícil. Idosos, pessoas recuperando-se de lesões, crianças... cuidado! Vale a pena pensar numa outra forma de transporte ou num passeio a uma praia com píer.
- A estrutura de cadeiras e barracas é pouca e cobrada à parte. Estendi minha canga na areia e fui feliz.
- Muita água entra na lancha. Fiquei encharcada. Isso pode ser um problema na hora de pegar táxi em Cartagena, porque os motoristas normalmente não aceitam transportar passageiros ensopados. Para evitar esse problema, o melhor é ficar no meio da lancha (não na lateral) e/ou levar uma roupa reserva bem protegida em sacola plástica. Ou voltar a pé para o hotel, como eu fiz!
- Tem gente que leva sapatilhas de praia para proteger os pés de conchas e corais. Eu tinha comprado um par desses calçados em Brasília e não senti essa necessidade - talvez se tivesse me aventurado mais em Barú. No fim acho que valeu a pena porque eles firmam mais os pés do que as sandálias havaianas. Para entrar e sair da lancha, ou para voltar ao hotel, foi ótimo. Mas eles acumulam muita areia e demoram a secar.

Resumindo (2), com a minha impressão pessoal:
Nossa, falei tanto da infra, dos vendedores, etc... fica até parecendo que não gostei do passeio ou que me arrependo de ter feito. 

A resposta é: arrependimento zero! No final, o saldo foi positivo. Os momentos flutuando na água foram preciosos e relaxantes. Sem falar que estou com baixa de vitamina D e precisava tomar um solzinho! Apenas, se fosse fazer de novo, pensaria em ir a Barú por via terrestre e ficar explorando por lá. Mas a verdade é que não sou rata de praia e, quando vou ao litoral, gosto mesmo é de fazer caminhada na orla.

Apenas achei importante colocar alguns alertas para que ninguém se iluda com falsas expectativas. Para quem quer luxo ou apenas um pouco mais de conforto, alguns hotéis (por exemplo, o Cocoliso Resort) ficam em praias particulares que oferecem uma estrutura melhor, sem ambulantes e com a opção de passeio bate-e-volta. Claro que isso tem um preço.

Para quem tem, digamos, dois dias em Cartagena e outros dias em San Andres, Santa Marta ou qualquer outro destino de praia, aí sim eu ousaria dar uma sugestão: usar os dois dias para aproveitar a cidade murada e os museus (não é muito tempo) e aproveitar as praias dos outros destinos. Queimar um entre poucos dias na parte histórica para usá-lo numa praia que nem vai ser a melhor do roteiro é algo que, na minha opinião, não vai valer a pena.

Porém, como sempre insisto aqui no blog: viagem é uma coisa muito pessoal. Esse passeio é polêmico - uns amam, outros odeiam. Para quem está razoavelmente bem informado e com expectativas realistas, pode valer a pena, sim - e no meu caso, que gosto de "antropologizar", ver as pessoas e sentir-me parte de um grupo, foi uma experiência única. O importante ao ver as dicas é pensar no que lhe dá um sentimento de identificação. No que serve para você e para seus ideais de viagem.

Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena. (Fernando Pessoa)

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