terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Filme: Guten Tag, Ramón (com bônus)

Antes do filme que vou comentar no post, foram exibidas as instruções clássicas (desligue o celular, fique atento às saídas de emergência...), acho que algum trailer (não lembro!) e um documentário curta-metragem chamado "Ombligados en Jurubirá". É sobre uma tradição mística com o cordão umbilical dos recém nascidos num povoado no Pacífico colombiano, e como isso simboliza o sentimento de identidade daquelas pessoas.

 Trailer - Ombligados en Jurubirá

Sei que no Brasil existiam (ainda existem?) simpatias com o enterro dos cordões umbilicais; mas sou da geração que não nasceu de parteira, e sim de obstetra em parto cesariana. Nem tenho ideia do que aconteceu com meu cordão e minha mãe devia estar muito grogue de anestesia para pensar nisso. Achei interessante o documentário - mais algumas coisas que aprendi sobre um pedacinho da Colômbia -, mas infelizmente meu portunhol me traiu durante alguns depoimentos. :-( Infelizmente não achei a versão integral para postar aqui.

Agora vamos ao filme Guten Tag, Ramón, uma co-produção México e Alemanha. As cenas iniciais são impactantes: um grupo de mexicanos escondidos num caminhão tenta entrar nos Estados Unidos. Os coiotes simplesmente somem e largam todo mundo no meio do deserto. A polícia aparece, salva (e, claro, deporta) todos eles - inclusive o jovem Ramón. A partir daí o filme mostra sua cara, bem mais leve.

 Trailer - Guten Tag, Ramón

Ramón vive com a mãe e a avó num povoado no norte do México, sem muitas perspectivas. Tentou entrar ilegalmente nos States várias vezes, sem sucesso, para frustração da avó. Então um dia um amigo sugere que ele tente a Alemanha. Esse amigo, que tem uma tia em Frankfurt, escreve uma carta com o roteiro completo (a locução em off da leitura da carta e a tentativa de pronunciar os nomes em alemão é uma das partes mais divertidas do filme).

Ramón chega com uma reserva em euros, passa pela imigração e vai procurar a tia do amigo. Algumas coisas dão errado e ele se vê sozinho num país cuja língua não conhece. Ainda por cima, é inverno. Mas ele vai conhecendo pessoas e fazendo amizades. Depois de um tempo, está ensinando danças e fazendo pratos típicos para seus novos amigos, principalmente Ruth (uma senhora que vive sozinha num condomínio onde todos os moradores são idosos), Hanna (uma moça que trabalha numa mercearia) e Karl (um dos vizinhos de Ruth). Claro que ele também encontra outras pessoas não tão amistosas assim.

Detalhe: nem os amigos de Ramón falam espanhol (Karl fala um pouco de italiano, mas isso não ajuda muito), nem Ramón fala alemão. A barreira linguística não impede que eles tentem se comunicar, e esse é um dos motores da história.

O filme é uma comédia light com uma pegada sentimental, estilo sessão da tarde. Não espere discussões profundas sobre a questão da imigração na Europa. Na vida real as coisas seriam bem mais difíceis para o personagem, mas aqui a proposta é fazer um filme divertido e simpático - e isso os realizadores conseguiram bem. Impossível não torcer pelos protagonistas.

Na primeira parte, quando Ramón está no México, a plateia às vezes dava risada e eu ficava boiando. Já quando ele está na Alemanha, as falas em espanhol (que passam a ser poucas) são mais lentas e fáceis de entender: é a leitura da carta, é ele tentando se comunicar... a maior parte dos diálogos passa a ser em alemão com legendas em espanhol, e aí fica fácil.

O dia seguinte - meu primeiro dia completo em Cartagena - já foi num esquema mais turístico. Aguardem o próximo post!

Ficha Técnica: Guten Tag, Ramón (2014). Direção: Jorge Ramírez Suárez. Com: Kristyan Ferrer, Ingeborg Schöner e outros. Duração: 120 min. País: México/Alemanha. Gênero: comédia. Distribuidora: 20th Century Fox Film Corporation.

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