quarta-feira, 29 de maio de 2013

Meu kit de sobrevivência para o curso de verão

O título desse post ficou meio exagerado. Seguem algumas dicas de coisas que levei ou  ou gostaria de ter levado para o curso lá em Pécs. Obviamente essas listas são sempre muito pessoais: o que é absolutamente necessário para um pode ser inútil para outro, e tudo depende também do tempo que você vai ficar no local. Se você está pensando em encarar o verão no alojamento ou simplesmente viajar para qualquer outro lugar (que ventos do Google o trouxeram aqui?), veja as dicas e confira se fazem sentido no seu caso. Vamos lá?

- Adaptador de tomada: nem preciso dizer o quanto é útil quando se viaja ao exterior, certo? O blog Viajamos.com.br tem um ótimo post sobre os padrões adotados mundo afora.
Comprei um adaptador Sestini na Le Postiche do Liberty Mall, em Brasília. Já tinha procurado em outras lojas da rede - e em várias outras lojas de artigos para viagem, lojas de utilidades domésticas... - e foi difícil encontrar! Saiu por R$25 em julho/2012. Esse é um item meio chatinho de se encontrar no Brasil; parece que na Europa é um pouco mais fácil. Mas se puder levar logo na bagagem, melhor.

Obs: veja sobre as tomadas do alojamento aqui neste post.   

Atualização (set/2013): parecidos, mas não iguais! Comprei também o adaptador da Bagaggio. Confira o post!

- Classificador de documentos: usei uma pasta sanfonada plástica pequena (comportava papéis tamanho A5), que cabia na bolsa. Deixei tudo bem organizado para o caso de o funcionário da imigração querer saber maiores detalhes da minha viagem. Comprei na Kalunga e não lembro quanto foi. Uns amigos que iam viajar decidiram copiar a ideia e já não encontraram.  

- Dicionário de bolso: mais informações no site da Akadémiai KiadóComprei o meu na Libri da rua Váci (Budapeste) em 2009 por 2.550Ft. Nunca vi dicionários húngaro-português/português-húngaro à venda em livrarias brazucas; no máximo aqueles guias de conversação para viagem. E olhem que já procurei na Livraria Cultura do Conjunto Nacional - Av. Paulista e na Martins Fontes (também na Paulista, em Sampa city). 
 
 Pequeno (13,7cm x 9,8cm x 2,0cm) e prático para se andar com ele por aí, esse é o "dicionário para turistas", como é chamado pela editora. O site da editora já mostra uma edição mais atualizada. A referência é o português europeu. São 17.000 verbetes e 15.000 expressões

Esse dicionário é bastante fácil de se encontrar na Hungria. Qualquer livraria de rede (Libri, Alexandra, etc) tem para vender.

- Ferro de passar: muita gente tem talento para só comprar roupas que não amassam, ou não faz questão de usar aquela roupa passadíssima. Para quem é meio chata com essas coisas (presente!) ou simplesmente quer acelerar a secagem das roupas, uma boa dica é levar um miniferro para viagem. O Boszorkány tem lavadora e secadora mas, se quiser passar, você precisa ter o seu equipamento. Eu não tinha e acabei comprando um ferro a vapor no Interspar, que custou cerca de 3.500-4.000 Ft. Comprei o comum, pois não encontrei o de viagens :
 O manual vinha em 6 idiomas: húngaro, eslovaco, polonês e outros que não lembro. Nenhum que eu conseguisse entender...

Para não dar excesso de bagagem acabei deixando-o na casa do primo. Ele disse que ia guardar para quando eu voltasse. Então vou ter que dar um jeito de voltar à Hungria...

Reparem no plugue:
O plugue é meio "cabeçudinho" e se encaixa nas tomadas recuadas de lá. Também serve para as tomadas antigas brazucas, mas... não se encaixa nas novas tomadas ABNT NBR 14136. Para usar esse ferro na minha casa, preciso de um adaptador.

- Toalhas: para o curso de verão, uma toalha de banho e uma de rosto bastaram: eu lavava na máquina e, mesmo no tempo em que a secadora estava com defeito, dava tempo de secar no mesmo dia. O calorão não perdoava e a roupa secava rapidinho. Roupa de cama: estava disponível no quarto. Para lavar, é só deixar a usada na recepção e pegar um jogo limpo num carrinho de supermercado que fica lá. Eles explicam como funciona. Papel higiênico também é só pegar na portaria. Quando chegamos, o WC tinha um frasco (enorme!) de sabonete líquido para as mãos.

- Mini-ventiladores: não levei porque não sabia... até um dia ter encontrado essas belezinhas na Multicoisas:
Miniventilador de mesa. Dimensões frontais de aprox.15 x 15 cm

Ventilador de mão
Detalhe da hélice, feita de plástico molinho, e do esguicho

Ambos são da O2 Cool e made in China. O ventilador de mesa funciona com 2 pilhas tamanho D ou uma fonte 3VDC 500mA (que nunca encontrei em lugar nenhum... o jeito é usar pilhas mesmo). Custou cerca de R$85. O ponto negativo fica por conta da mola do compartimento de pilhas, que é rígida e dificulta a colocação das ditas-cujas.

Já o ventilador de mão é ótimo para os passeios. Funciona com duas pilhas tamanho AA e custou cerca de R$40. Vem com uma garrafa acoplada com capacidade de cerca de 200ml. 

- Água: já que toquei no assunto, vale a dica: beber muita água. Normalmente chego perto de 3 litros/dia e acho que lá passei dos 4 litros sem dificuldade. No começo eu bebia água engarrafada (os supermercados oferecem inúmeras marcas), mas depois de um tempo passei a encher as garrafas com água de torneira mesmo. Não se veem bebedouros dando moleza por aí. Na faculdade não vi nenhum, nem no dormitório.

Ao contrário do que acontece no Brasil, na Hungria o default é água com gás. Se quiser sem gás, você tem que pedir. Viu no rótulo: "szénsavmentes"? É sem gás. No começo eu não sabia disso e acabei apelando para as marcas compradas na seção de produtos infantis (é isso mesmo!):

 Água para bebê ou água para beber? [Sem graça, eu sei!]

A promessa desses produtos é fornecer os sais minerais de acordo com a necessidade dos bebês. Pelo que me disse uma amiga italiana, parece que na Itália também existe esse mercado. A água tem gosto de bicarbonato: é quase como se você abrisse uma garrafa de água gasosa e deixasse por alguns dias até o gás sair. Acabei preferindo a "torneiral" mesmo.

- Sacolas de compras: o comércio não oferece sacolas de graça; sacolas de supermercado devem ser compradas à parte. Uma opção, se você não quiser comprá-las no caixa, é levar sacolas de nylon dobráveis que podem ser encontradas na DM ou nas "euroshops" - lojas em que a maior parte dos produtos custa um euro; são mais sortidas que as lojas de 1,99 e têm alguns produtos de mercearia. As lojas de souvenir vendem sacolas de tecido de algodão (boa opção de lembrança turística); e no kit do curso vem uma sacola também.

- Lâmpada de leitura: comentei num dos posts sobre o alojamento que tinha achado os quartos meio escuros. As lojas de utilidades domésticas têm várias lâmpadas pequenas e portáteis. Vale a pena xeretar por aí.

- Despertador: hoje em dia todo mundo usa o celular. Se você não vai usar seu aparelho por lá, vai ter que garantir uma forma de acordar no horário. O bom e velho despertador resolveu meu problema.

- Calçados confortáveis: sabe aquela sandalinha de tiras superdelicada? E aquele sapato de salto que é "o poder"? Cada um com seu cada qual, mas eu sugeriria que você os deixasse em casa. A dica é: sandálias Havaianas. Não tem problema ir ao curso de verão com elas. Todo mundo ia de havaianas, inclusive as professoras. Depois de ver tanta gente com sandálias arrebentadas e pés com bolhas, você vai concordar comigo. Não sei por que isso aconteceu. Talvez por causa das ladeiras, ou alguma coisa (clima? Alimentação?) que cause retenção de líquidos no corpo... mesmo alguns dos meus calçados mais confortáveis deixaram bolhas terríveis nos meus pés quando os usei por lá. Então leve uns pares de havaianas daqueles bem estilosos e não se esqueça de caprichar na pedicure!

- Chapéu: sabe aqueles chapéuzinhos de turista? Não levei e senti falta durante as excursões. O sol na moleira não perdoa! Se você acha que os de palha ocupam muito espaço, leve um de tecido ou veja se vale a pena comprar lá.

- Uma peça de roupa com manga comprida: não precisa ser de lã supergrossa, uma blusa de algodão já resolve. Em duas excursões passamos em lugares com um microclima um pouco mais friozinho: entre 15 e 18 graus, coisa assim. Frio mesmo passei no aeroporto de Lisboa na viagem, e nem tinha necessidade. O programa "Boa noite Lisboa", da TAP, me dava direito a hotel. Vacilei...

- Balança para bagagem: ganhei de presente já depois da viagem:

Algumas coisas que talvez valha a pena levar:

- Cabo para internet: a internet do alojamento não é wireless, mas eles têm cabos na recepção. Você pode pegar um e devolver quando terminar o curso de verão. Quando fiz, havia em número suficiente para todos. Mas, se você for fanático por internet e quiser garantir... o plugue fica perto da escrivaninha, um cabo curtinho (1m) já resolve.

- Botas para trekking: levei um par de botas de cano curto que usei para fazer caminhadas nas colinas Mecsek. São ótimas porque ajudam a firmar os tornozelos e evitam que você pise em falso - ainda mais em terrenos íngremes e cheios de pedregulhos. O inconveniente: como é um tipo de calçado pesado e que ocupa muito espaço na bagagem, optei por viajar com elas nos pés. E aí vem a paranoia da segurança nos aeroportos, com os inspetores mandando tirá-las o tempo todo. Veja se vale a pena. Os tênis são necessários para as aulas de esporte e podem ser usados nas caminhadas, evitando os inconvenientes das botas; mas não são tão bons para firmar os pés e evitar acidentes.

- Alguns colegas fãs de hipismo foram a uns hotéis-fazenda, ou algo assim, onde podiam passar o dia praticando a preços camaradas. Não sei se eles oferecem luvas ou se você teria que providenciar. Um colega machucou as mãos e sofreu por alguns dias.

Bem, é isso. Vou ficando por aqui. Viszlát!

domingo, 26 de maio de 2013

Filme - Világszám

No ritmo em que estou vendo esses filmes... sério, gente, que vergonha!

Hoje foi a vez de Világszám ("Atração Mundial"). Dois irmãos gêmeos nascem num circo e tornam-se os palhaços Dodó e Naftalin. Dodó, alguns minutos mais velho, sente-se responsável pelo irmão - e esse sentimento tem uma causa um tanto trágica que não vou contar aqui. Anos depois, estoura a Revolução de 1956: os húngaros tentam se libertar do governo implantado pelos soviéticos após a Segunda Guerra. O foco do enredo é a trajetória dos irmãos nesse período. Não se deixe levar pela capa alto-astral do DVD e pela classificação de comédia: achei mais para drama, às vezes com um toquinho de humor negro. Sabe a história do palhaço triste? Pois é.


Capa do DVD

Aqui vai o trailer:


Cena da abertura:


Página do filme no IMDb: Tem uma resenha bastante esclarecedora, que ajuda a compreender o filme no contexto de outras obras do mesmo diretor. E, como sei que sou péssima resenhista de filmes, vai aqui uma outra muito boa, em português!

Fiquei meio confusa em alguns trechos, acho que em parte por não conhecer o contexto político da época. Achei a produção simples e caprichada ao mesmo tempo. A trilha sonora  é muito boa. Tem curiosidade sobre os filmes húngaros? Confira esse; mas, como escrevi há pouco, não se iluda achando que vai ver uma comédia. O filme até tem uma mensagem de otimismo - pessoas que vão atrás de seus sonhos apesar de todas as dificuldades -, mas é bem sutil.

Ficha: Világszám ("Colossal Sensation", na versão em inglês) (2004 *). Diretor: Róbert Koltai. Duração: 95 minutos. Com Róbert Koltai, Gáspár Sándor, Orsolya Tóth, Jiří Menzel, Gyula Bodrogi, Anna Györgyi e outros. Distribuidora: HungariCom. DVD com legendas em inglês, alemão, francês, russo, italiano, espanhol, romeno, tcheco, eslovaco, polonês e húngaro [ufa!].


(*) Não consegui descobrir se o filme é de 2004 ou 2005, pois encontrei as duas informações e a capa do DVD não diz nada sobre isso!

domingo, 19 de maio de 2013

Andei lendo: "Renato Russo - o filho da revolução", de Carlos Marcelo


De repente está todo mundo falando sobre o Renato Russo: livro (esse que vou comentar no post), filmes - Somos tão jovens e Faroeste Caboclo... interessante que nem estamos numa data redonda, como "10 anos sem Renato Russo" ou algo assim.

[Edit (13/09/2017): De repente este post se tornou um dos mais lidos do blog. Será por causa das referências do livro a um político baiano que estudou no Maristão e está no centro do escândalo das malas?]
 
Pois bem. Estava eu na livraria Saraiva, trilili tralalá, sem intenção de comprar nenhum livro para se juntar aos muitos que já estão me esperando em casa. :-(   Então esse ficou sorrindo para mim. Folheei, vi referências à Brasília dos anos 80 (cenário da minha infância e adolescência) e, entre outras coisas, descobri que a diretora da Cultura Inglesa da época em que Renato Manfredini Jr. dava aula foi a mesma que depois aplicaria minha prova de nível quando fui fazer curso lá. Mundo pequeno... enfim, a curiosidade falou mais alto e, por R$60, um exemplar era meu.

O autor, fã da Legião, chegou a Brasília na adolescência. Jornalista, trabalhou no Correio Braziliense. Esteve no famoso show do Mané Garrincha em 1988, o último da banda em Brasília. Percebe-se que entrevistou muita gente e fez uma pesquisa bastante detalhada: infância, adolescência, fatos menos conhecidos... o autor apresenta também dados da biografia de outros participantes da cena roqueira de Brasília do final dos anos 70/início dos 80 e procura situar o leitor na atmosfera daqueles dias. Às vezes dá até a previsão do horóscopo para algumas datas importantes (o Renato era interessado em astrologia e isso nos coloca no clima da biografia).

Também tem muitas referências ao contexto político e cultural. Não sei se quem não viveu aquela época e local vai se situar em todas elas. Por exemplo: num trecho o autor diz que uma jovem cantora, Zélia Cristina, apresenta-se na Sala Funarte. Zélia Cristina ficaria  conhecida depois com o nome de Zélia Duncan, mas não tem nenhuma notinha de rodapé sobre isso. Talvez tenha sido proposital para evitar o excesso de didatismo, mas o leitor pode ficar meio perdido - ainda mais porque não tem índice remissivo. Minha mãe leu o livro antes de mim e disse que se atrapalhou com tantas referências, mas nem por isso deixou de gostar do livro.

O estilo é fluente. Às vezes mais literário, às vezes mais jornalístico. O período coberto com mais detalhe vai da infância do biografado (principalmente a partir de 1973, por aí) até o final dos anos 80. Um capítulo vai para o show no Mané Garrincha. A partir daí parece que a escala de tempo muda e as coisas se passam mais rápido até a morte do Renato, em 1996. A deterioração da saúde com a dependência química e o HIV, a carreira solo, o filho (que ele e a família sempre preservaram, é verdade, e estão certos!)... se você tem mais curiosidade sobre essa fase, vai se decepcionar.


Resumo da ópera: se você quer entender a formação do Renato Russo, as influências que ele recebeu, a formação da Legião e do rock nacional daquela época (principalmente as bandas de Brasília), esse livro é fundamental. Se quiser uma reconstitução da época, também. Viu o filme Somos tão jovens e ficou boiando? Mais um motivo para ler o livro. Algumas coisas mostradas "de raspão" no filme são mais explicadinhas aqui. Recomendo!

Ficha técnica:
Marcelo, Carlos. Renato Russo: o filho da revolução. 2a ed. Rio de Janeiro: Agir, 2012. 416p.

Obs: descobri pela net que existe uma edição publicada pela Ediouro em 2009. Para quem quiser ver um trecho: http://www2.ediouro.com.br/200905/renatorussoolivro/downloads/trecho_renatoruso.pdf

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Vida na Hungria, comunicação, dicas...

Sziasztok!

E aí, pessoas? Sei que no próximo semestre letivo vai um grupo de brazucas fazer intercâmbio na Universidade de Pécs e, bem... vamos ver se consigo escrever algumas dicas!

- Sobre o alojamento (Boszorkány Kollégium) e o entorno: aqui e aqui.
- Um pouco sobre a cidade: aqui e nos posts que têm o label "Pécs", oras!
- Como escrevi neste post, é possível fazer um passeio virtual usando o Google Streetview.
- Algumas dicas de transporte aqui.
- Neste post, algumas dicas de livrarias no estilo Saraiva: dicionários, livros de idiomas, best sellers, gastronomia, guias turísticos, CDs... existem outras livrarias mais específicas, como esta aqui.

O que mais?

- Emergências médicas: uma colega japonesa pisou em falso quando descia a ladeira e teve que imobilizar a perna, usar muleta e tudo. Parece que ela não conseguiu acionar o seguro médico e teve que pagar consulta. Não consegui descobrir mais. De qualquer forma, para entrar no Espaço Schengen precisamos de seguro médico. Espero que: 1) ninguém precise usar; 2) se precisar, que o atendimento seja bom!

- Supermercados: eu geralmente fazia compras no Spar (tem um no caminho entre a universidade e o alojamento) ou no Interspar, hipermercado da mesma rede com uma loja no Árkád. Perto da universidade tem um Lidl, que diziam ser uma rede mais barateira. Mas só descobri depois de muito tempo... acho que a diferença é mais no mix de produtos e marcas do que nos preços mesmo. Em Pécs também tem supermercado da rede Tesco. Paramos lá uma vez durante uma excursão para comprar água mineral. É bem longe do miolinho da cidade por onde costumávamos circular.

Entre as mercadorias que achei interessantes, destaque para os potes de vidro (acho que o pessoal aproveita o verão para fazer compotas e geleias) e para os ovos cozidos empanados. Comida empanada (rántott) é popular na Hungria; mas, de modo geral, não vi muita gente gordinha...

- O Árkád, que citei acima, é o shopping da cidade. Já comentei um pouco quando falei das compras mulherzinha, hehehe! Os horários estão no site: abre e fecha cedo para os nossos padrões. Volta e meia eu ia lá fazer um lanche, trocar dinheiro ou pegar um ar condicionado - ainda mais porque eles abrem aos domingos. Tem lojas mais simples (no estilo da Renner) e outras mais chiquetosas, principalmente de perfumaria. Também tem uma loja de produtos naturais que demorei a descobrir. Ah, sim: só tem um banheiro, e para entrar pagam-se 50 Ft à senhorinha que toma conta. Aliás, uma coisa que me chamou a atenção: é comum ver senhoras mais velhas atendendo em supermercados, caixas, etc.

-  Não vi muitas lan houses dando moleza por aí. Usei mesmo a internet do alojamento e o wi fi em alguns pontos na universidade. O Monarchia também tem, é só pedir a senha à mocinha do café.

 - Para ligar a cobrar para o Brasil pela Embratel, o código é 068 000 55 11. Liguei uma vez, demorei uns 40 minutos e saiu caro! [Não lembro exatamente quanto]. Fazer o quê, se fiquei os primeiros dias sem acesso à internet?... 

  Não vi muitos orelhões dando moleza por aí... acho que esse ficava perto de um centro comercial na rua da universidade


Fiquei fascinada pelas padarias. Uma rede que vale a pena conhecer é a Aranycipő. Tem loja na rua (no caminho para o centro, perto da praça Szent István), num espaço bem agradável para tomar café da manhã; tem loja no Árkád e em outros endereços (aqui).

Por falar em padarias, aí vai uma foto que tirei no caminho entre o alojamento e o curso:


E a comunicação? Inglês resolve?
Bem, no curso sim. Na rua e no comércio, nem sempre; mas nada que a linguagem universal (mímica, apontar...) não resolva. Também era comum o atendente chamar alguém que falava inglês.

Como fui lá fazer curso de húngaro, eu tentava aproveitar ao máximo as oportunidades que meu microvocabulário me proporcionava, de forma que tentava me comunicar em húngaro mesmo. O bom era que, por um instante, as pessoas acreditavam que eu falava a língua. O ruim era, no instante seguinte, eu ter que pedir arrego e desmontar a farsa, hehehe! 

Por duas vezes, ao dizer que não falava húngaro, a pessoa respondeu em alemão - língua que também é útil para fazer compras, já que tem muita rede de lojas alemãs por lá e muitos produtos com rótulos nesse idioma. Mas sem alemão você sobrevive; já sem inglês, aí complica até para fazer o curso. Meu inglês não é a oitava maravilha do mundo (devo estar no nível B1), mas consegui me virar. [Edit: nível B1? O que é isso? Veja o quadro europeu de referência para línguas]

Às vezes uma palavra em húngaro vale mais do que um discurso inteiro em inglês. Uma vez fui pagar as compras de supermercado com aquele cartão Visa Travel Money. Não pressionei todas as teclas com força suficiente e digitei 5 dígitos em vez de 6. O caixa chamou o gerente e falou alguma coisa... só entendi "hibás" ("errado") e foi o suficiente para compreender a situação. Redigitei a senha e deu tudo certo.

Dinheiro: quando fui fazer o Visa Travel Money no Banco do Brasil, fiquei meio assustada com as taxas: na época cobravam R$50 para cada recarga?! Nem dava para encher o cartão aos poucos. Mas isso depende muito do momento e hoje parece que está valendo mais a pena. É possível sacar nos terminais de alguns bancos, como o Erste Bank. Só não consegui tirar saldo; tem que ser pela internet. 
Importante: se você tem um cartão antigo (2012 pode já ser antigo!) e pretende recarregá-lo, cuidado! Passe no banco e troque o cartão, ou você corre o risco de tê-lo engolido pela máquina. Dica que me deram no BB.

 Terminal do Erste Bank - a máquina de cara pra rua
Segurança: andei em Pécs várias vezes sozinha - inclusive à noite - e me senti segura. Mas, como em todo lugar, é importante ficar atento. Conheço algumas pessoas, tanto brasileiros quanto húngaros, que tiveram  problemas com ladrões oportunistas. Dos participantes do coral que viajou comigo (aqui), duas mulheres se descuidaram por um instante de suas bolsas e foi o suficiente para um sujeito colocar o produto do furto num saco preto e ir embora (elas descobriram vendo depois a filmagem das câmeras de segurança). Isso foi em Debrecen. 

   Aviso no estacionamento perto do zoo. Achei até meio naïf esse quadrinho do ladrão... mas enfim, cuidado a mais nunca é demais!

Como falei, achei a Hungria bem segura. Só que nós, brasileiros, geralmente temos mais paranoia em relação aos roubos e acabamos muitas vezes nos distraindo e virando alvo fácil de furto. Um lugar que tem alguns alertas no Trip Advisor é a Király utca (rua Király), um calçadão onde se concentram cafés, lojas de souvenir, etc. Fui em horários menos muvucados (sábado de manhã antes das 10h) e achei tranquilo.
 
O que me aconteceu foi ter sido abordada por um homem querendo fazer câmbio quando eu andava na praça Szechényi. Os guias de viagem sempre fazem essa advertência nos textos sobre a Hungria: não troque dinheiro na rua, estações de trem, etc! Foi só me fazer de desentendida, seguir em frente e pronto.

Também se veem alguns pedintes nas ruas, principalmente idosos. :-(

Sobre a questão social, é difícil falar sem um conhecimento mais aprofundado. Sem poder ler os jornais locais e criar intimidade com as pessoas o suficiente para vê-las falar de assuntos incômodos. Existem sim alguns rancores nacionalistas, tensões sociais, a questão das minorias étnicas (pessoas que se reconhecem como húngaros e moram em países vizinhos, ou o contrário), antissemitismo, a participação dos ciganos na sociedade, a atuação de grupos de extrema-direita... não sei se um dia isso vai estourar ou vai ficar sempre ali, desconfortável como uma pedra no sapato.

No último dia 22 de março houve em Budapeste um jogo com a Romênia pelas eliminatórias da copa. Foi a portas fechadas (sem torcida no estádio), como punição pelo comportamento dos torcedores que no jogo anterior - contra Israel - tinham entoado gritos antissemitas.

O Chico tem ótimos posts no blog dele. Sugiro ver aqui e aqui. Aqui uma reportagem (em francês) sobre o nacionalismo de extrema-direita por lá.
 
Existe essa nuvem negra pairando no ar, mas é importante dizer que não me senti discriminada em nenhum momento. Acredito que esses comportamentos tristes não representem a maioria, e assim espero!
[Na verdade, um momento em que senti uma fagulha "nacionalismo hostil" no ar foi quando, em 2009, atravessamos a divisa com a Eslováquia. Entramos numa lanchonete e as pessoas nas mesas ficaram nos encarando, diminuíram o tom de voz... fizeram aquela cara de "o que esses húngaros estão fazendo aqui?"; em nenhum momento sentimos que poderia haver uma agressão real, mas foi meio tenso.]

Um pouco de vocabulário:
- áruház: supermercado
- pékség: padaria
- bevásárlóközpont: shopping
- tér: praça 

Vou ficando por aqui. Viszlát!

PS: Que ódio dessa mania do Blogger de mudar o tipo e o tamanho da fonte, parágrafo, etc sem eu selecionar nada!!! Fica tão difícil editar o post...