domingo, 19 de maio de 2013

Andei lendo: "Renato Russo - o filho da revolução", de Carlos Marcelo


De repente está todo mundo falando sobre o Renato Russo: livro (esse que vou comentar no post), filmes - Somos tão jovens e Faroeste Caboclo... interessante que nem estamos numa data redonda, como "10 anos sem Renato Russo" ou algo assim.

[Edit (13/09/2017): De repente este post se tornou um dos mais lidos do blog. Será por causa das referências do livro a um político baiano que estudou no Maristão e está no centro do escândalo das malas?]
 
Pois bem. Estava eu na livraria Saraiva, trilili tralalá, sem intenção de comprar nenhum livro para se juntar aos muitos que já estão me esperando em casa. :-(   Então esse ficou sorrindo para mim. Folheei, vi referências à Brasília dos anos 80 (cenário da minha infância e adolescência) e, entre outras coisas, descobri que a diretora da Cultura Inglesa da época em que Renato Manfredini Jr. dava aula foi a mesma que depois aplicaria minha prova de nível quando fui fazer curso lá. Mundo pequeno... enfim, a curiosidade falou mais alto e, por R$60, um exemplar era meu.

O autor, fã da Legião, chegou a Brasília na adolescência. Jornalista, trabalhou no Correio Braziliense. Esteve no famoso show do Mané Garrincha em 1988, o último da banda em Brasília. Percebe-se que entrevistou muita gente e fez uma pesquisa bastante detalhada: infância, adolescência, fatos menos conhecidos... o autor apresenta também dados da biografia de outros participantes da cena roqueira de Brasília do final dos anos 70/início dos 80 e procura situar o leitor na atmosfera daqueles dias. Às vezes dá até a previsão do horóscopo para algumas datas importantes (o Renato era interessado em astrologia e isso nos coloca no clima da biografia).

Também tem muitas referências ao contexto político e cultural. Não sei se quem não viveu aquela época e local vai se situar em todas elas. Por exemplo: num trecho o autor diz que uma jovem cantora, Zélia Cristina, apresenta-se na Sala Funarte. Zélia Cristina ficaria  conhecida depois com o nome de Zélia Duncan, mas não tem nenhuma notinha de rodapé sobre isso. Talvez tenha sido proposital para evitar o excesso de didatismo, mas o leitor pode ficar meio perdido - ainda mais porque não tem índice remissivo. Minha mãe leu o livro antes de mim e disse que se atrapalhou com tantas referências, mas nem por isso deixou de gostar do livro.

O estilo é fluente. Às vezes mais literário, às vezes mais jornalístico. O período coberto com mais detalhe vai da infância do biografado (principalmente a partir de 1973, por aí) até o final dos anos 80. Um capítulo vai para o show no Mané Garrincha. A partir daí parece que a escala de tempo muda e as coisas se passam mais rápido até a morte do Renato, em 1996. A deterioração da saúde com a dependência química e o HIV, a carreira solo, o filho (que ele e a família sempre preservaram, é verdade, e estão certos!)... se você tem mais curiosidade sobre essa fase, vai se decepcionar.


Resumo da ópera: se você quer entender a formação do Renato Russo, as influências que ele recebeu, a formação da Legião e do rock nacional daquela época (principalmente as bandas de Brasília), esse livro é fundamental. Se quiser uma reconstitução da época, também. Viu o filme Somos tão jovens e ficou boiando? Mais um motivo para ler o livro. Algumas coisas mostradas "de raspão" no filme são mais explicadinhas aqui. Recomendo!

Ficha técnica:
Marcelo, Carlos. Renato Russo: o filho da revolução. 2a ed. Rio de Janeiro: Agir, 2012. 416p.

Obs: descobri pela net que existe uma edição publicada pela Ediouro em 2009. Para quem quiser ver um trecho: http://www2.ediouro.com.br/200905/renatorussoolivro/downloads/trecho_renatoruso.pdf

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