segunda-feira, 16 de maio de 2016

Curso de espanhol na UPB - observações gerais

Local
A secretaria do Centro de Lenguas fica no bloco 9, segundo andar. Lá você se apresenta e faz o teste de nível. Talvez seja só um bate-papo e uma redação simples, principalmente se você já tiver trocado e-mails em espanhol com o coordenador.
O local das aulas varia. Cada dia tínhamos aula numa sala diferente, na maioria das vezes no bloco 9.

Horários e calendário
A página do curso informa que as aulas ocorrem no esquema 8-10h, 10-12h, etc. Isso quer dizer que todos os grupos têm aula em qualquer desses horários? Não. No meu caso, por exemplo, que estava matriculada em dois grupos (20h/semana), tinha aulas no intermediário-avançado das 10 às 12h e no avançado das 14 às 16h. Eram os horários disponíveis para as aulas em grupo nesses níveis. 

O calendário da UPB é diferente do que estamos acostumados a ver em outras universidades: o primeiro semestre termina no final de maio e o segundo começa no início de julho. Confira o calendário de 2016 para ter uma ideia.

Perfil dos alunos
No momento em que você está lendo este post, cerca de 30 a 60 alunos devem estar participando do programa de espanhol para estrangeiros da UPB. A maioria é de americanos ou europeus. Vi gente dos Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Turquia, Rússia, China... e não encontrei outros alunos brasileiros enquanto estive lá. Mas os professores têm experiência com brazucas, sim. O mais famoso foi o Wagner Moura. Leia aqui outra entrevista, já depois de toda a polêmica pela questão do sotaque. 
Justiça seja feita: o homem começou praticamente do zero (parece que ele tinha feito umas aulas no Brasil com uma professora argentina) e no final estava encarando o desafio de ser entrevistado em espanhol. O que posso falar sobre o sotaque e a entonação dos brasileiros é que nossa forma de falar deixa as pessoas muito curiosas. Pretendo escrever um pouco mais sobre isso em outro post.

Alguns alunos fazem intercâmbio acadêmico na própria UPB, além das aulas de idiomas. Outros são mochileiros que passam um tempo na cidade e às vezes fazem trabalho voluntário em comunidades. Tem ainda os que moram lá - estrangeiros que ganham em dólar/euro e são atraídos pelo custo de vida mais baixo que em seus países -, em alguns casos, se matriculam no curso porque precisam do visto de estudante. Enfim, são pessoas com as mais diversas motivações. Uns aparecem todo dia; outros são aqueles alunos "turistas".

Detalhe curioso: eu era a única mulher na turma de nível intermediário-avançado. Acredito que, no geral, uns 60% dos alunos (ou mais) eram homens. Já nos cursos de húngaro de Pécs e Szeged, a maioria era mulher. No curso de alemão era meio a meio. Talvez a maioria masculina no curso de espanhol fosse porque vários alunos tinham um perfil empresarial ou mochileiro - e é mais comum vermos meninos entre os viajantes independentes. Já no curso de húngaro havia mais gente da área de letras, que costuma ter maioria feminina

Ainda sobre a UPB
A UPB tem dois campi em Medellín: Laureles (onde fica o Centro de Lenguas) e Poblado; isso sem contar os campi em outras cidades. Existem três portarias de acesso de pedestres ao campus Laureles. Para entrar você precisa apresentar um documento ao funcionário da guarita, que fará um cadastro e liberará a catraca. Se você vai fazer um curso, converse com a coordenação, vá ao bloco 3 - se não me falha a memória - e peça para eles providenciarem um cartão de acesso (que eles chamam carné) e será sua carteirinha de estudante. Usei junto com o passaporte para conseguir desconto no Museu de Antioquia.

Os alunos do programa ESPEX (Español para Extranjeros) também têm a possibilidade de cursar disciplinas em cursos regulares da UPB. Pelo tempo que eu ia ficar lá, e pelos meus horários, não corri atrás. Mas é possível fazer isso, sim.

A estrutura física é bastante boa: salas confortáveis com tomadas, TV, ar condicionado silencioso e wifi com sinal excelente em todo o campus. O bairro é ótimo e bem servido de ônibus.

Clubes de conversação
O Centro de Lenguas da UPB oferece ainda um programa gratuito e aberto à comunidade: os clubes de conversação em vários idiomas. Atenção! A informação sobre locais, nesta página, está desatualizada. O de espanhol funciona no bloco 9, sala 418, das 12:00 às 13:30 [Informação válida em abril/maio de 2016, OK?!]. As atividades têm monitoria de estudantes de licenciatura. Cada dia tem um tema e um grupo de monitores diferente. Vale a pena conhecer, mesmo que você não vá fazer o curso.
[Edit: sobre os clubes de conversação, saiu esta página no segundo semestre/2016. Tem um e-mail de contato]

Esquema do curso
O programa ESPEX da UPB tem o curso mais flexível dos que já fiz até hoje: o aluno se apresenta em qualquer segunda-feira e se junta ao grupo que corresponde ao seu nível. Existe um conjunto de temas gramaticais que se repetem num ciclo. 

No grupo intermediário-avançado vimos subjuntivo (uma dificuldade para quem não é nativo de línguas neolatinas), conectores lógicos (conjunções e preposições) e outros. Além das explicações gramaticais tivemos exercícios de leitura, escrita, conversação e a parte auditiva. Éramos quatro a oito alunos nesse grupo - normalmente só os quatro assíduos mesmo.

No grupo avançado éramos três, às vezes só dois alunos - isso quando eu não era a única que comparecia. Algumas vezes o professor trazia temas que ele mesmo propunha, mas também podíamos propor temas - geralmente de gramática ou vocabulário - em que sentíamos mais dificuldade. Achei o esquema do avançado mais flexível - é um estágio em que já não existe tanta novidade gramatical; sem falar que a quantidade de alunos também ajuda.

A passagem de um nível para o outro não era feita por provas, e sim pela observação dos professores e as ideias que eles trocavam nas reuniões.

O material era fornecido pelos professores para cada aula: resumos de gramática, textos de apoio, listas de exercícios... 

Atenção! Pode ser que esse item ("esquema do curso") mude nos próximos meses/anos. Parece que os professores e a coordenação estavam discutindo uma reformatação do programa. Se você chegou aqui pelo Google, não deixe de entrar em contato com a coordenação! É com eles que você consegue a informação mais atualizada. E não se esqueça de comentar aqui depois. :-)

Edit (julho/2016): aqui está um relato (em inglês) de um viajante que fez o curso na UPB, clube de conversação e um passeio a Guatapé.

Depois de tudo...
Se eu faria de novo o curso na UPB de Medellín? Com certeza! Já estou com essa ideia na cabeça. Professores preparados e que gostam do que fazem, boa estrutura, a cidade e a localização do campus são incríveis. Gostei muito da receptividade do pessoal de lá: além da questão do aprendizado, eles se mostram interessados na adaptação dos alunos à vida na cidade. Também gosto quando existe uma troca - alunos que procuram aprender com os professores e vice-versa -, e notei isso lá. 
 
Alguns comentários sobre/para brasileiros - quando é melhor fazer um curso de imersão?
Comentei no início do post que não encontrei conterrâneos durante minhas semanas na UPB; meu tempo lá simplesmente não coincidiu, por exemplo, com o curso feito por um grupo de guias de turismo.

Com certeza muitos brasileiros começam do zero, seja na UPB ou em outras escolas no exterior. Muitos certamente têm um excelente progresso e saem do intercâmbio comunicando-se no novo idioma que aprenderam. Eu mesma fiz o curso de húngaro em Pécs/2012 começando do zero e, após quatro semanas, conseguia me comunicar num nível muito básico - mas conseguia. É uma sensação incrível.

Porém... minha impressão, OK?: No caso dos brasileiros, começar do zero (e, se você lê e entende algo de espanhol, o "zero" não é bem um zero) pode não ser sempre a melhor ideia. Coisas como a diferença entre pretéritos (ex, em português: "falava" e "falei"), diferenças entre "ser" e "estar"... tudo isso, que tanto complica a cabeça dos anglo-saxônicos, para nós não é nada tão desconhecido assim. Sem falar nas semelhanças de vocabulário (e nos "falsos amigos" também, hehehe). Não é que aprender espanhol seja muito mais fácil para nós, mas o tipo de dificuldade que temos é diferente do tipo de dificuldade que aparece para os falantes de outros idiomas. E, quanto mais básico o nível, mais essa diferença vai pesar.

Minha sugestão: tente cursar nem que seja um ou dois módulos de espanhol no Brasil antes de viajar. O ganho que se tem com isso durante a imersão é enorme comparado ao esforço de se fazer essa pequena preparação: turmas menores, professores falando em espanhol o tempo todo, sem necessidade de explicações intermediárias em inglês; você vai ter dúvidas mais específicas e poderá ajudar melhor o professor a entender como o espanhol está sendo processado na sua cabeça. 

Agora... se você quer viajar para começar um curso de espanhol do zero: claro que nem sempre a vida espera: pode ser uma bolsa de estudos, o fim do prazo para tirar capacitação, uma oportunidade de emprego, alguém que você conheceu [musiquinha romântica]... nesse caso, como diz o divo Naldo: se joga!

Edit (julho/2016): Depois da viagem, fiz um balanço do aprendizado. Dê uma olhada aqui.









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