domingo, 19 de junho de 2016

Hospedagem em Medellín e comentários sobre um pouco de tudo

Olá!

Algumas pessoas já entraram em contato comigo para saber mais sobre o curso, e uma questão importante é a hospedagem.

Aqui escrevi um pouco sobre os bairros. Dependendo de onde estiver localizada sua escola de idiomas (caso seja esse seu objetivo), pode ser interessante ficar em outra vizinhança. É que algumas escolas estão localizadas fora dos bairros tradicionais que eu tinha citado no post. A Toucan, por exemplo, fica numa cidade da região metropolitana chamada Envigado; você tem até a opção de fazer seu curso numa fazenda ecológica a 1h45' de Medellín, com direito a yoga e meditação no Eco Hostel Medellín. Não tenho informação suficiente para escrever sobre essas e outras escolas, já que fiz somente o curso da UPB. Apenas fique ligado que o curso do Eco Hostel dura 2 semanas e parece mais pensado como "espanhol para sobreviventes" para falantes de idiomas não latinos.

Uma dica é ver as postagens deste blog. Apenas reforço a observação de que, como falantes de português, nossa experiência com o espanhol pode ser bem diferente dos estrangeiros de outros países. De novo: não estou dizendo que tiramos tudo de letra e somos os poderosões do pedaço. A diferença é o tipo de dificuldade que temos. Cometi muitos erros nas aulas, mas eu diria que praticamente todos esses erros tinham a ver com o portunhol. E, para iniciantes totais, o ritmo pode ser um pouco lento. No final das contas, achei ótima a experiência de ter estudado junto com nativos de outros idiomas, porque é uma troca cultural bastante rica e porque me fez refletir sobre meu processo de aprendizado aqui no Brasil.

Voltando à hospedagem: fiquei no bairro Belén Rosales, num local chamado International House Medellín. É um prédio de 4 andares com uma cobertura que tem cozinha coletiva e uma bela vista, com uma boa área para curti-la. O local é administrado pelo proprietário, o americano Joel, e pela colombiana Leidy. Às vezes aparece o fofo recepcionista canino Basco, um poodle gigante.

Basco S2
 
Fiquei num quarto individual com TV e ventilador. Banheiro compartilhado. Achei o custo-benefício muito bom. Adiantei 10 diárias pelo PayPal.

O acesso aos andares é feito por senhas e, para entrar no prédio tem leitura da digital. Meu indicador direito nunca é lido nesses trocinhos, de forma que cadastrei o esquerdo.

A questão é que fiquei lá durante um período de reforma, com pouca gente hospedada no local e um pouco de bagunça típica de serviços de construção. Como foi uma situação excepcional, não tenho muito como explicar sobre o funcionamento do local no dia-a-dia. Recomendo que pesquisem os comentários no TripAdvisor e Hostelworld - não só para o IHM, mas para qualquer hostel. Uma dica é: para todos eles - mesmo para os que tenham excelentes notas no cômputo geral - dê uma olhada nos porquês dos reviews negativos. Todo lugar com muitos reviews vai ter algum assim. Em alguns casos a pessoa teve azar e aquilo foi uma exceção; em outros, o viajante é chato mesmo (vale conferir outros reviews do usuário); mas, por fim, existem aqueles casos em que as críticas convergem. Se envolverem questões sérias de segurança, por exemplo (caso de hostels em que qualquer pessoa de fora tem acesso à área dos quartos), penso seriamente em descartar o local mesmo que a nota geral seja boa. 

No caso de hostels/albergues é importante ter um olho crítico sobre comentários na internet, mais até do que quando buscamos avaliações de hotéis e pousadas. Isso porque os hóspedes desses lugares têm expectativas e perfis muito diferentes. Uns querem socializar e outros querem uma cama para dormir entre um passeio e outro.

O Medellín Living tem também alguns posts sobre hostels. O mais recente, de 2012, foi atualizado em 2015. Servem como referência (na verdade me assustei com alguns comentários), mas pelo que está me parecendo são mais party hostels: aqueles albergues que promovem festas e eventos para os hóspedes. Particularmente sou mais conservadora: hotel, pousada e albergue (para mim) são lugares para dormir. Barulho à noite, tô fora. Mas tem gente que viaja procurando agito e para esses pode ser interessante.

Já que estou escrevendo sobre esse tema: a verdade é que existem aqueles que viajam à Colômbia e à América do Sul com a ideia de chutar o pau da barraca e muitas vezes agir na ilegalidade. Ou ao menos tentar descobrir mais sobre ela - tanto que existem tours temáticos sobre Pablo Escobar, por exemplo. Lembro quando ele ordenava atos brutais e depois, quando foi morto; confesso que nunca tive grande curiosidade a respeito. A gente já lê tantas notícias sobre traficantes ostentando em festas e ordenando execuções por celular nos presídios... a diferença sem dúvida foi a dimensão do poder que ele teve.

Se alguém vai à Colômbia atrás de sexo, drogas e rock & roll vai encontrar. Quem procura, acha. E se alguém vai atrás de aprender espanhol, ouvir uma grande variedade de músicas (inclusive rock & roll, por que não?), provar comidas diferentes, conhecer aspectos culturais de um país ao mesmo tempo diferente e parecido com o nosso, etc... sem sequer se lembrar de que um dia Pablo Escobar passou sobre a Terra... acredite, é possível e foi o que aconteceu comigo. Se você que está lendo estas maltraçadas é um leitor, e não uma leitora, e se tiver jeitão de turista, é possível que receba sim alguma oferta de algo ilegal. Comigo não aconteceu.

Essa discussão sobre o passado é forte na Colômbia. Uns dizem que é preciso relembrar para que não se repita (e aí surgem as narconovelas, livros, etc) e outros dizem que é preciso seguir adiante e livrar-se do estigma. Não saí cutucando feridas. Apenas fiquei de ouvidos abertos para aqueles que se dispuseram a comentar esse tema e vi que é difícil. E embora não tenha feito tours sobre narcotráfico (não senti nenhum apelo para fazer isso, mas respeito quem tem essa curiosidade), visitei o Museu Casa de la Memoria e pude aprender um pouco mais sobre algumas feridas que eles tentam cicatrizar. Pretendo escrever outros posts sobre museus e passeios, OK?

Retornando um pouco ao assunto hospedagem: nem todos viajam a Medellín para mergulhar na vida loka - aliás, no meu curso não encontrei pessoas que parecessem estar dispostas a isso. Porém, não custa avisar: pelo que diz o estudo da UNODC, alguns ambientes foram pensados para esse perfil. E, se não é o que você está procurando, ou se você não é daqueles mochileiros super desencanados do que os companheiros de albergue fazem... possivelmente vai achar a atmosfera tensa e pesada. Então pesquise bem sobre o local onde quer se hospedar. E, quanto a esse aspecto, achei o International House um local bem tranquilo.

Até o próximo post!


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