terça-feira, 19 de julho de 2016

No dentista em Medellín

É, gente...

Poucos dias depois que cheguei, quebrou uma lasquinha de um dente. Na verdade foi um pedaço da restauração. Não chegou a ser um grande incômodo, exceto quando eu cutucava com a língua.

Eis que, faltando uns 10 dias para voltar ao Brasil, senti que outro dente estava quebrado - e com esse a coisa era mais séria: eu já havia sofrido uma quebra na raiz e percebi que a situação era igual. Uma parte do dente dançava quando eu cutucava e, além disso, a região latejava e doía.

Quando me perguntam: "o que você comeu para isso acontecer?" - olha, nada especial. São dentes que já tinham restaurações muito grandes para o tamanho deles e, segundo a dentista explicou certa vez, nessa situação a parte natural pode ficar fragilizada.

A dor, o inchaço e o latejamento foram piorando, piorando... até que enviei um whatsapp à minha dentista contando o acontecido. Ela indicou um anti-inflamatório e disse que seria bom procurar logo um profissional.

Eu tinha feito seguro pela Coris (acho que eles ainda não tinham feito essa fusão com a April) e recebido a orientação de entrar em contato com eles em caso de necessidade. Procurei um orelhão e liguei a cobrar para o Brasil, para o número indicado nas orientações deles. A surpresa foi que o número só dava ocupado!

Tentei então adicioná-los no Whatsapp... e o símbolo do zapzap não apareceu na lista de contatos. Fiz várias tentativas - com e sem prefixo internacional, com e sem prefixo local, de todo jeito - e nada. Meu primeiro pensamento foi de que o número não estava cadastrado no aplicativo; mas estava e eu é que não sabia adicionar. Depois de todo o drama vi que tinha conseguido, mas já era tarde.

Resultado: desisti de acionar o seguro - que aliás, dava uma cobertura de "até" US$700 para emergências odontológicas - e procurei uma clínica 24h. Isso foi num sábado.

Acabei marcando uma consulta para dali a 1h e meia numa clínica perto da UPB: Alternativas Odontológicas. Fui atendida pelo dr. José Pablo Montoya Bernal, que logo confirmou a suspeita: o dente estava quebrado na raiz e a fratura era bem profunda. Ele disse que não tinha outro jeito senão extrair e colocar um implante. E uma semana não seria suficiente para a cirurgia de extração. Eu voltaria ao Brasil no sábado seguinte. De qualquer forma, para mim seria melhor passar por uma cirurgia perto de casa e com o apoio da família... sem falar na questão da grana.

Gostei do atendimento: o dr José Pablo é bem simpático e segue uma prática que infelizmente está saindo de moda: o bate-papo depois da consulta, em que o profissional explica o problema com palavras e desenhos. Meu oftalmo faz isso e acho bem bacana. A gente sente mais segurança para tomar decisões e seguir o tratamento.

Passei minha última semana em Medellín tomando anti-inflamatório (de um tipo que é vendido sem receita aqui e lá) e tomando cuidado para mastigar só de um lado. Voltei ao Brasil e iniciei o tratamento aqui. A dentista não chegou a condenar meu dente: extraiu a parte quebrada da raiz e está colocando uma coroa. Não estou entendendo muito bem a dinâmica do tratamento, porque em várias sessões ela arranca dente, cutuca, faz molde, põe massa e na sessão seguinte começa tudo outra vez. Socorro!

Acredito que esse dente esteja numa situação limite para a decisão de extrair ou de preservar o pedacinho micro que ficou. A vantagem é que não passei por cirurgia, pontos, anestesia e tal. Fora a questão psicológica de saber que ainda tenho alguma coisa do dente natural. Mas o preço é praticamente o mesmo que se eu fosse extrair e fazer implante. :-/

Essa foi minha primeira emergência de saúde em viagens e espero que não surjam outras! Algumas lições que aprendi do episódio e passo para vocês:

- Fez seguro? (Apesar de tudo, recomendo fazer): adicione os contatos na agenda do celular antes de sair do Brasil.

- Tenha uma forma de contato dos profissionais de saúde com quem você se trata com maior frequência - nem que seja um e-mail. Poder conversar com a minha dentista fez toda a diferença.

- Foi um dos poucos momentos em que senti falta de ter um número de telefone na Colômbia, porque quando marquei consulta eles pediram. O hostel não tem recepção, e os números que tínhamos disponíveis para contatos de emergência eram os do Joel e da Leidy. Mas não serviriam para essa situação, né? Dependendo do seu tempo de permanência, pode valer a pena comprar um chip de celular.

- Se você precisa de algum remédio de uso contínuo, leve-o logo com você. Não foi meu caso com o anti-inflamatório, cuja necessidade apareceu de surpresa. Mas dei sorte: em alguns países, como os EUA, a lista de remédios que podem ser comprados sem receita é bem mais restrita. Se hoje eu viajasse rumo aos States, provavelmente levasse anti-inflamatório, remédio para o estômago e analgésico, só pra garantir. Vai que a cólica do mês chega mais forte, ou  você come alguma coisa que cai mal... tudo isso pode estragar sua viagem.

- A seguradora dá uma lista de números para você ligar a cobrar? Nem todos os países dão essa possibilidade. Ano passado, por exemplo, estive na Sérvia - e não tem como ligar a cobrar pela Embratel a partir de lá. Não sei como teria feito se tivesse passado algum perrengue naquelas terras. Veja isso antes de viajar, OK? Por mais que o funcionário da agência de turismo fique impaciente com tantas perguntas e queira empurrar uma resposta do tipo "se acontecer, depois lá você vê isso".

Por enquanto é só. Até o próximo post!

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