quinta-feira, 30 de junho de 2016

Passeando em Medellín: Parque de los Deseos, Parque Explora, Jardim Botânico...

Não se iludam pelos posts sobre cinema: já estavam programados e deixei assim! Na verdade, o primeiro passeio de fim de semana foi à região do Parque de los Deseos/Casa de la Música, numa região que forma uma espécie de complexo que inclui ainda o Parque Explora e o Jardim Botânico. Tudo isso perto do metrô e da Universidade de Antioquia.

São pontos turísticos clássicos de Medellín e certamente você vai encontrar muita informação sobre eles. Seguem a proposta de fazer com que a população ocupe os espaços públicos. Muitas famílias aproveitando o dia nessa parte da cidade.

A Casa de la Música é um prédio com um salão onde se veem grupos estudando ou conversando. Tem wi fi gratuito. Para aproveitá-lo por mais tempo, é necessário fazer cadastro. Ah, e nesse prédio é comum encontrar grupos de dança fazendo seus ensaios.
 Casa de la Música

O Parque Explora é um museu interativo com exposições fixas e itinerantes. Não são só exposições: tem demonstrações e experimentos, alguns com horários predefinidos. Veja os cartazes nas salas.

Uma exposição interessantíssima era sobre a física do organismo e o funcionamento do cérebro. A foto da ilusão de ótica é clássica! Já existe uma câmera posicionada em frente. Você só precisa digitar o e-mail e a foto é enviada. :-)
A foto!

Muitos dos jogos são pensados para serem realizados em duplas. Mas, se você estiver só, pode pedir ajuda aos monitores (claro que complica se o local estiver mais cheinho), como o rapaz que posou comigo para a foto.

A entrada custa 23.000 pesos. Vale a pena conferir também os souvenirs na loja do museu.

Tem ainda o planetário e o aquário. Não visitei esses espaços... na verdade, esse primeiro dia de passeio ficou um pouco prejudicado pelo tempo - ameaçando chover o tempo todo, e mais para a frente realmente choveu - e por um pouco de cansaço da viagem.

O Jardim Botânico tem entrada gratuita. Vale a pena conferir o orquidário, fazer uma boa caminhada e ver as iguanas.
Iguana com expressão enigmática

Achei que esse seria "o" dia para fotografar. Aqui uma decepção e uma dica: se sua máquina tem regulagem de exposição à luz, aprenda a mexer com ela e/ou deixe no automático. O céu nublado enganou minha câmera e quase todas as fotos saíram com a luz estourada. O pior é que só percebi na hora de passá-las para o PC. #fail :-(


#fail

Essa é uma parte da cidade para se passar várias horas. Quando a fome apertar, existem vários cafés/restaurantes disponíveis nessas atrações. Outra possibilidade é a praça de alimentação do Bosque Plaza: um shopping meio caidinho, mas que tem algumas boas opções. Foi lá que pedi uma arepa no estilo sanduíche, com milho verde (maicitos, como dizem os colombianos), queijo e cogumelos. E, claro, limonada de coco.


Não lembro o nome da lanchonete. Foi minha arepa preferida em Medellín

Infelizmente tive o contratempo com as fotos e um pouco com a chuva, que apertou quando estava no Jardim Botânico. Mas valeu muito a pena. No dia seguinte começariam as aulas e a expectativa era grande!

terça-feira, 28 de junho de 2016

Filme: Malcriados

Vendo a lista de produções em cartaz, a sinopse desse filme me chamou a atenção. Estava passando numa única sala, em uma cidade da região metropolitana chamada Sabaneta. Peguei o metrô, desci na estação de mesmo nome e fui seguindo o fluxo até o CC Aves María. Como dizem neste blog, é um shopping bonito mas ao mesmo tempo bem caidinho, com um monte de lojas para alugar. Era uma tarde de domingo, muitas famílias e uma fila que não andava muito rápido. Até as 16h davam desconto de 50% nos ingressos. Paguei uns 4.500 pesos. \o/

A história: Manuel Rico, um milionário viúvo na faixa dos seus 50 anos, que não acompanhou muito de perto a educação dos três filhos, percebe que os jovens - Javi, Bárbara e Charly - não querem saber de nada na vida além de gastar e fazer festa. Até que um dia a polícia invade a mansão e eles têm todos os bens confiscados. A família se muda para uma casa humilde no centro de Bogotá e os dois mais velhos vão ter que trabalhar. Charly é transferido para uma escola pública e é claro que eles têm muitas dificuldades de adaptação à nova vida. Ao mesmo tempo, aproximam-se do pai e aprendem a valorizar outras coisas. Não conto mais para não estragar a surpresa. Quer dizer: vários dos filmes que eu comento aqui não foram distribuídos no Brasil e é provável que não sejam, mas quem garante que um dia você não terá acesso a algum deles?

Malcriados (2015) é a refilmagem de uma produção que fez grande sucesso no México: Nosotros los Nobles (2013), que foi lançado no Brasil com o título Quando os ricos quebram a cara [que ódio! Não vi nenhuma notícia sobre esse filme na época]. A produção mexicana, por sua vez, também é uma refilmagem. Vi informações conflitantes sobre qual teria sido a fonte original. Aqui diz que seria um filme de Buñuel chamado El gran calavera (1949).

Trailer de Nosotros los Nobles:

Trailer de Malcriados:

Tive medo de ficar boiando durante a sessão. Ao contrário das outras produções que vi na Colômbia (Anna e Guten Tag, Ramón), esta seria toda realmente em espanhol e sem legendas. Outra dificuldade em comédias de outros países é que muitas vezes a gente não tem as referências culturais para entender as piadas. Bem, o fato é que comecei a ver o filme e percebi que estava entendendo bastante - uhu! -, talvez uns 90%. Ajuda o fato de eu já ter aprendido algumas gírias colombianas. Boiei um pouco mais no trailer da versão mexicana.

Minha opinião: é uma comédia leve; tem poucas cenas como as do Charly, mas trailer, né... sempre escolhem essas; não achei apelativo na parte de erotismo. Pode ver com sua mãe na sala. Não é um filme para ganhar prêmios em festivais, não aprofunda conflitos de personagens, tem alguns clichês, mas enfim... tem uma mensagem simpática e é uma boa diversão para uma tarde de domingo. A isso o filme se propõe e essa missão ele cumpre bem. Dei boas risadas e saí mais leve do cinema. 

Clipe da música tema com cenas do filme:


Ficha técnica: Malcriados (2015). Direção: Felipe Martínez Amador. Com: Víctor Mallarino, Julieth Restrepo, Juan Fernando Sánchez, José Restrepo  e outros. Duração: 111 min. País: Colômbia. Gênero: comédia. Produtora: Dynamo/Patagonik.



segunda-feira, 27 de junho de 2016

Andei vendo: Anna

Imersão cultural tem que ter espaço para um cineminha, não é mesmo? Olhando a programação, meus olhos bateram na sinopse desse filme e fui conferir.

O local foi uma sala pequena no Centro Comercial Plazoleta Las Américas. É um prédio com lojas embaixo e escritórios/clínicas na parte de cima. Quase não se percebe que existem salas de cinema ali. Os filmes que passam lá são mezzo comerciais, mezzo alternativos - mais ou menos como o Liberty Mall em Brasília. A maioria do público tinha mais de 50 anos e estava todo mundo bem vestido. E o cine tinha uma funcionária com uma lanterna para ajudar o povo a encontrar os assentos. Chique demais!

Tive sorte em ir numa quarta-feira, dia em que os ingressos têm 50% de desconto. #ficadica Saiu em torno de 5.000 pesos.

Bem, o filme.

A protagonista, Anna, é uma colombiana que vive na França há bastante tempo. Tem um filho de 10 anos, Nathan, que vive com o pai. Ela tem uns impulsos, percebe-se que não é muito equilibrada. O filho parece que não vê muito nela uma referência materna - tanto que a chama de "gorila", e não de "mãe".

Um dia o pai do garoto resolve proibi-la de vê-lo e diz que, "com o histórico que ela tem", nenhum juiz daria a guarda compartilhada. Sim, ela tem alguma disfunção que ainda não está bem clara.

Desesperada, ela resolve fugir com o namorado e o filho para a Colômbia. Sair de um país com um menor de idade sem autorização do pai que não viaja não é a coisa mais fácil do mundo... mas sem essa forçadinha de barra o filme não aconteceria. Bem, o fato é que eles desembarcam em Bogotá e são recebidos pelo irmão dela. Quando Anna percebe que o irmão não apoia suas atitudes, resolve fugir - e o filme se torna um road movie. Vão parando em espeluncas de beira de estrada rumo à costa; os conflitos vão se intensificando e fica mais clara a condição mental da protagonista.

Aqui o trailer:

O filme é uma co-produção franco-colombiana. A maior parte das falas - acho que uns 90% - é em francês com legendas em espanhol. Confesso que as legendas me ajudaram bastante. Na parte que passa em Bogotá, em que ela conversa com o irmão, fiquei boiando em várias partes dos diálogos. Mas isso não chegou a me impedir de entender o filme.

Achei a produção muito bem feita. As cenas transmitem bem a tensão de uma fuga, com os personagens cada vez mais sujinhos e com cara de cansados. No começo fiquei com raiva das atitudes irresponsáveis da Anna; depois fui me solidarizando com a personagem. A atriz principal, Juana Acosta, me manipulou direitinho. Para mim ela é o destaque do filme.

É interessante ver também como, apesar de tudo, mãe e filho conseguem se aproximar. Bem, não vou contar mais para não estragar. O filme é muito bem produzido e acredito que terá ainda um bom destaque nos festivais por aí.

Ficha técnica: Anna (2015). Direção: Jacques Toulemonde . Com: Juana Acosta, Augustin Legrand, Kolia Abiteboul, Bruno Clairefond e outros. Duração: 96 min. País: França/Colômbia. Gênero: drama. Produtora: Noodles Production/Janus Films

domingo, 19 de junho de 2016

Hospedagem em Medellín e comentários sobre um pouco de tudo

Olá!

Algumas pessoas já entraram em contato comigo para saber mais sobre o curso, e uma questão importante é a hospedagem.

Aqui escrevi um pouco sobre os bairros. Dependendo de onde estiver localizada sua escola de idiomas (caso seja esse seu objetivo), pode ser interessante ficar em outra vizinhança. É que algumas escolas estão localizadas fora dos bairros tradicionais que eu tinha citado no post. A Toucan, por exemplo, fica numa cidade da região metropolitana chamada Envigado; você tem até a opção de fazer seu curso numa fazenda ecológica a 1h45' de Medellín, com direito a yoga e meditação no Eco Hostel Medellín. Não tenho informação suficiente para escrever sobre essas e outras escolas, já que fiz somente o curso da UPB. Apenas fique ligado que o curso do Eco Hostel dura 2 semanas e parece mais pensado como "espanhol para sobreviventes" para falantes de idiomas não latinos.

Uma dica é ver as postagens deste blog. Apenas reforço a observação de que, como falantes de português, nossa experiência com o espanhol pode ser bem diferente dos estrangeiros de outros países. De novo: não estou dizendo que tiramos tudo de letra e somos os poderosões do pedaço. A diferença é o tipo de dificuldade que temos. Cometi muitos erros nas aulas, mas eu diria que praticamente todos esses erros tinham a ver com o portunhol. E, para iniciantes totais, o ritmo pode ser um pouco lento. No final das contas, achei ótima a experiência de ter estudado junto com nativos de outros idiomas, porque é uma troca cultural bastante rica e porque me fez refletir sobre meu processo de aprendizado aqui no Brasil.

Voltando à hospedagem: fiquei no bairro Belén Rosales, num local chamado International House Medellín. É um prédio de 4 andares com uma cobertura que tem cozinha coletiva e uma bela vista, com uma boa área para curti-la. O local é administrado pelo proprietário, o americano Joel, e pela colombiana Leidy. Às vezes aparece o fofo recepcionista canino Basco, um poodle gigante.

Basco S2
 
Fiquei num quarto individual com TV e ventilador. Banheiro compartilhado. Achei o custo-benefício muito bom. Adiantei 10 diárias pelo PayPal.

O acesso aos andares é feito por senhas e, para entrar no prédio tem leitura da digital. Meu indicador direito nunca é lido nesses trocinhos, de forma que cadastrei o esquerdo.

A questão é que fiquei lá durante um período de reforma, com pouca gente hospedada no local e um pouco de bagunça típica de serviços de construção. Como foi uma situação excepcional, não tenho muito como explicar sobre o funcionamento do local no dia-a-dia. Recomendo que pesquisem os comentários no TripAdvisor e Hostelworld - não só para o IHM, mas para qualquer hostel. Uma dica é: para todos eles - mesmo para os que tenham excelentes notas no cômputo geral - dê uma olhada nos porquês dos reviews negativos. Todo lugar com muitos reviews vai ter algum assim. Em alguns casos a pessoa teve azar e aquilo foi uma exceção; em outros, o viajante é chato mesmo (vale conferir outros reviews do usuário); mas, por fim, existem aqueles casos em que as críticas convergem. Se envolverem questões sérias de segurança, por exemplo (caso de hostels em que qualquer pessoa de fora tem acesso à área dos quartos), penso seriamente em descartar o local mesmo que a nota geral seja boa. 

No caso de hostels/albergues é importante ter um olho crítico sobre comentários na internet, mais até do que quando buscamos avaliações de hotéis e pousadas. Isso porque os hóspedes desses lugares têm expectativas e perfis muito diferentes. Uns querem socializar e outros querem uma cama para dormir entre um passeio e outro.

O Medellín Living tem também alguns posts sobre hostels. O mais recente, de 2012, foi atualizado em 2015. Servem como referência (na verdade me assustei com alguns comentários), mas pelo que está me parecendo são mais party hostels: aqueles albergues que promovem festas e eventos para os hóspedes. Particularmente sou mais conservadora: hotel, pousada e albergue (para mim) são lugares para dormir. Barulho à noite, tô fora. Mas tem gente que viaja procurando agito e para esses pode ser interessante.

Já que estou escrevendo sobre esse tema: a verdade é que existem aqueles que viajam à Colômbia e à América do Sul com a ideia de chutar o pau da barraca e muitas vezes agir na ilegalidade. Ou ao menos tentar descobrir mais sobre ela - tanto que existem tours temáticos sobre Pablo Escobar, por exemplo. Lembro quando ele ordenava atos brutais e depois, quando foi morto; confesso que nunca tive grande curiosidade a respeito. A gente já lê tantas notícias sobre traficantes ostentando em festas e ordenando execuções por celular nos presídios... a diferença sem dúvida foi a dimensão do poder que ele teve.

Se alguém vai à Colômbia atrás de sexo, drogas e rock & roll vai encontrar. Quem procura, acha. E se alguém vai atrás de aprender espanhol, ouvir uma grande variedade de músicas (inclusive rock & roll, por que não?), provar comidas diferentes, conhecer aspectos culturais de um país ao mesmo tempo diferente e parecido com o nosso, etc... sem sequer se lembrar de que um dia Pablo Escobar passou sobre a Terra... acredite, é possível e foi o que aconteceu comigo. Se você que está lendo estas maltraçadas é um leitor, e não uma leitora, e se tiver jeitão de turista, é possível que receba sim alguma oferta de algo ilegal. Comigo não aconteceu.

Essa discussão sobre o passado é forte na Colômbia. Uns dizem que é preciso relembrar para que não se repita (e aí surgem as narconovelas, livros, etc) e outros dizem que é preciso seguir adiante e livrar-se do estigma. Não saí cutucando feridas. Apenas fiquei de ouvidos abertos para aqueles que se dispuseram a comentar esse tema e vi que é difícil. E embora não tenha feito tours sobre narcotráfico (não senti nenhum apelo para fazer isso, mas respeito quem tem essa curiosidade), visitei o Museu Casa de la Memoria e pude aprender um pouco mais sobre algumas feridas que eles tentam cicatrizar. Pretendo escrever outros posts sobre museus e passeios, OK?

Retornando um pouco ao assunto hospedagem: nem todos viajam a Medellín para mergulhar na vida loka - aliás, no meu curso não encontrei pessoas que parecessem estar dispostas a isso. Porém, não custa avisar: pelo que diz o estudo da UNODC, alguns ambientes foram pensados para esse perfil. E, se não é o que você está procurando, ou se você não é daqueles mochileiros super desencanados do que os companheiros de albergue fazem... possivelmente vai achar a atmosfera tensa e pesada. Então pesquise bem sobre o local onde quer se hospedar. E, quanto a esse aspecto, achei o International House um local bem tranquilo.

Até o próximo post!


terça-feira, 14 de junho de 2016

Medellín - mais dicas e impressões

Continuando daqui, com algumas coisas que me vêm à mente agora. Pretendo criar posts específicos sobre os passeios.

- Uma coisa que me chamou a atenção foi a cordialidade das pessoas. No primeiro dia de aula, perguntei onde ficava o bloco e uma funcionária que estava passando pela portaria não pensou duas vezes em desviar-se do caminho para me guiar até . Outra vez eu estava no supermercado com 4 itens (isso numa loja com fila especial para compras rápidas) e o casal perto do caixa fez questão que eu passasse na frente. Eu ficava até sem graça!

Se houver ocasião para uma conversa, as pessoas simplesmente... conversam! E fazem isso educadamente. Gracias, mucho gusto, que esté muy bien... Não tem essa de olhar estranho para o lado e fazer cara de paisagem, como tantas vezes nos sentimos meio condicionados a fazer aqui - por falta de traquejo social mesmo.

Já estou acostumada a ir a lugares turísticos e ver pessoas com braço esticado tirando selfies (eu mesma faço muito isso!). Em parte é a moda das selfies, já que é tão fácil descartar uma foto ruim. Mas quantas vezes fazemos isso por medo ou preguiça de abordar alguém e pedir ajuda com uma foto? Depois é só retribuir tirando uma foto do outro turista.

Pois o que mais vi nos lugares turísticos em Medellín foram pessoas alegremente pedindo e dando ajuda com as fotos uns dos outros. Tão simples!

Aqui fica bem clara essa questão do comportamento. Vale a pena ler.

- Os animais de estimação têm trânsito mais livre do que em Brasília. Vi gente passeando com cães grandes nos shoppings - sempre de coleira. Participei de uma corrida de rua e muita gente estava correndo com seus totós. Também tem parques e praças onde as pessoas literalmente soltam os cachorros, eles ficam ali cheirando os traseiros uns dos outros e pronto. Já estão superacostumados. E, no meio de toda essa festa canina, não vi cocô no chão.

Passeando no CC Santafé

- Vi outros dois brasileiros enquanto estive lá: um praticante de capoeira e um hóspede/funcionário do hostel onde participei de um evento. Percebi que meu sotaque chamava muito a atenção. A primeira vez foi num restaurante vegetariano perto da UPB. O dono perguntou o que eu tinha achado da comida. Respondi que estava "muy rica" e me despedi. Quando voltei para almoçar lá outro dia, o dono me perguntou: "amiguita, de dónde eres?" [amiguita S2]; respondi que era do Brasil e ele disse: "yo sabía!" - assim, numa comemoração de quem acertou a resposta a uma dúvida muito angustiante. :-D

No quiosque Juan Valdez do shopping Unicentro aconteceu uma situação parecida. Eu já estava quase terminando o curso, havia batido ponto lá praticamente todo dia e uma funcionária me perguntou: "a senhora não é daqui, né?". Eu achava graça nessa curiosidade geral e às vezes tentava dar uma pista pagando com cartão VTM do Banco do Brasil ou deixando o dicionário bem visível em cima da mesa. 

- Já que falei sobre cartão VTM, vamos à questão do câmbio: eu estava insegura com a alta do dólar, tinha medo que o dinheiro não fosse suficiente e troquei R$161 por COP100.000 na área de embarque do aeroporto de Brasília. Uma horrorosa taxa de COP620/R$, quando os sites informam em torno de COP800 a 820/R$. 
Depois troquei alguns dólares no Unicentro. Várias caixas de câmbio funcionam por lá. Recebi COP 2670 por dólar na Western Union. Os sites informavam 2800, mas esse é o valor de compra. No final das contas optei por sacar do VTM. Normalmente tirava 400 a 600 mil pesos de cada vez, para diluir a taxa fixa de 2,50 euros por saque. Ah, sim... meu VTM estava carregado em euros porque foi sobra da viagem à Hungria. A relação euro/dólar estava parecida com a que vemos no Brasil, de forma que não tive prejuízo. Mas é comum que lá o dólar seja proporcionalmente mais valorizado que o euro - nesse caso, melhor levar dólares.

Atenção: nas casas de câmbio a funcionária vai preencher uma ficha com seus dados e tomar sua impressão digital. É obrigatório apresentar o passaporte original. Em Cartagena não teve nada disso porque fiz câmbio numa loja de souvenir em Bocagrande.

- O dilema da gorjeta é fácil: muitos estabelecimentos têm um cofrinho perto do caixa. Acho tão mais prático assim do que ter que adivinhar sob pena de receber caras feias.
 
- Bebi água de torneira o tempo todo e vi muita gente enchendo garrafinhas nas torneiras por aí. Não tive nenhum problema. 

- Muitos lugares têm sinal aberto de internet: a UPB tem um sinal ótimo que cobre bem todo o campus; no hostel o sinal também era excelente. A região do Parque de los Deseos tem internet pública que exige cadastro para uma navegação mais longa; não cheguei a usar. O Unicentro e o quiosque Juan Valdez de lá têm sinal aberto também, naquele esquema de direcionar o início da navegação para a página deles. O sinal do Unicentro dava umas osciladas. 

No final das contas, essas oportunidades de acesso à internet foram mais do que suficientes para mim. Não senti nenhuma necessidade de contratar plano de celular. Se quiser saber como funciona, tem um guia bem detalhado aqui. 

Outro jeito fácil de se comunicar são os orelhões. Funcionam com moedas e a ligação é baratinha - não lembro se 100 ou 200 pesos/minuto para o Brasil (acho que eram 200 mesmo). O orelhão é meio chato e não aceita qualquer moeda, além de não dar muito tempo para você inseri-las. Mas com um pouco de agilidade é possível bater um bom papo. 

- Segurança: tomei os cuidados básicos que tomo aqui no Brasil: não ostentar, evitar áreas puramente industriais ou comerciais em horários sem movimento (ex: centro da cidade à noite), enfim... acho importante seguir as dicas dos nativos, sem paranóias que muitas vezes acabam nos tornando alvo de atenção indesejada. Um lugar sobre o qual vi algumas recomendações foi a Plaza Botero: muito movimento, turistas desatentos e relatos de batedores de carteira. Bem, fui lá e tirei muitas fotos, sem problemas. Os colombianos têm a expressão "dar papaya", que significa "vacilar", "dar bobeira". Procurei ficar mais atenta em alguns lugares mas, para falar a verdade, não me senti ameaçada em nenhum momento.

- Desigualdade social num nível parecido com o do Brasil. Bairros ricos, comunas, camelódromos... enfim, a mistura que não é desconhecida para nós. No bairro El Poblado, que é o mais rico, vi algumas mulheres indígenas com filhos pequenos vendendo artesanato. A região com maior população indígena tem clima árido e está sofrendo com a seca. Aliás, não só a região de La Guajira mas também outras partes do território colombiano. A notícia lá era o stress hídrico e a baixa no nível do principal reservatório de abastecimento hidrelétrico da Colômbia. Campanha de economia para evitar um apagão... pois é, sabemos como é traumática essa história quando no final das contas o apagão se concretiza.

- Os horários são parecidos com os nossos: almoço ao meio-dia, janta em torno das 19h... com a diferença de que a cidade acorda e dorme um pouco mais cedo. Uma vez fui ao shopping jantar perto das 21h e eles estavam fechando. A abertura era em torno das 9h. E falando em shoppings, muitos têm supermercado - algo que no Brasil já foi mais comum.

- Depois de um pouco mais de conversa alguns professores me perguntaram sobre a crise política no Brasil. Estive lá bem na época em que a Câmara dos Deputados aprovou o processo de impeachment da Dilma. Houve quem me perguntasse se era verdade que a situação aqui no Brasa estava mesmo tão feia, pois a mídia lá só dava notícias negativas sobre o país. É triste ouvir isso, mas enfim... Também me perguntaram sobre o 7x1 (aff!), mas não senti maldade. Pareceu mais uma curiosidade legítima: "o que é que está acontecendo, afinal?".

- Muitos vendedores, mas não tantos nem tão insistentes quanto os de Cartagena. Mais do que isso, existe a cultura de se virar nos 30 para complementar a renda. Assim é que na UPB vi alguns estudantes com uma caixa de acrílico contendo doces e uma etiqueta onde se podia ler "ventas estudantiles". É uma forma de ajudar a pagar os estudos.

- Falando sobre a comunidade estudantil: nunca vi tanta gente (principalmente as meninas) com aquelas calças jeans rasgadas de fábrica. Aqui no Brasil tenho visto também, mas não tanto como lá. Se tiver uma, aproveite para usá-la e andar na moda. :-)

- O pessoal é fanático por futebol. Onde houver uma TV passando jogo, haverá uma muvuca de gente em volta. O time com maior torcida é o Atlético Nacional, verde e branco.

- As pessoas se cuidam. Não é aquela coisa neurótica; mas, sim, é possível notar o pessoal com cabelo bem cortado e os rapazes com a barba em dia. Jeans e camiseta com aspecto limpinho já estão de bom tamanho. Eu tinha ouvido sobre essa fama dos colombianos e preferi usar o mesmo tipo de roupa que uso no trabalho, sem nada muito largadão (no verão húngaro às vezes eu ia à faculdade de havaianas, porque meus pés inchavam muito). Não me lembro de ter visto pessoas de bermuda na faculdade, por exemplo. Fui fazer as mãos e vi homens entre os clientes. Ah, e estava passando futebol na TV - com direito a revolta da manicure porque o Atlético Nacional estava perdendo.

Vou ficando por aqui. Até o próximo post!