terça-feira, 14 de junho de 2016

Medellín - mais dicas e impressões

Continuando daqui, com algumas coisas que me vêm à mente agora. Pretendo criar posts específicos sobre os passeios.

- Uma coisa que me chamou a atenção foi a cordialidade das pessoas. No primeiro dia de aula, perguntei onde ficava o bloco e uma funcionária que estava passando pela portaria não pensou duas vezes em desviar-se do caminho para me guiar até . Outra vez eu estava no supermercado com 4 itens (isso numa loja com fila especial para compras rápidas) e o casal perto do caixa fez questão que eu passasse na frente. Eu ficava até sem graça!

Se houver ocasião para uma conversa, as pessoas simplesmente... conversam! E fazem isso educadamente. Gracias, mucho gusto, que esté muy bien... Não tem essa de olhar estranho para o lado e fazer cara de paisagem, como tantas vezes nos sentimos meio condicionados a fazer aqui - por falta de traquejo social mesmo.

Já estou acostumada a ir a lugares turísticos e ver pessoas com braço esticado tirando selfies (eu mesma faço muito isso!). Em parte é a moda das selfies, já que é tão fácil descartar uma foto ruim. Mas quantas vezes fazemos isso por medo ou preguiça de abordar alguém e pedir ajuda com uma foto? Depois é só retribuir tirando uma foto do outro turista.

Pois o que mais vi nos lugares turísticos em Medellín foram pessoas alegremente pedindo e dando ajuda com as fotos uns dos outros. Tão simples!

Aqui fica bem clara essa questão do comportamento. Vale a pena ler.

- Os animais de estimação têm trânsito mais livre do que em Brasília. Vi gente passeando com cães grandes nos shoppings - sempre de coleira. Participei de uma corrida de rua e muita gente estava correndo com seus totós. Também tem parques e praças onde as pessoas literalmente soltam os cachorros, eles ficam ali cheirando os traseiros uns dos outros e pronto. Já estão superacostumados. E, no meio de toda essa festa canina, não vi cocô no chão.

Passeando no CC Santafé

- Vi outros dois brasileiros enquanto estive lá: um praticante de capoeira e um hóspede/funcionário do hostel onde participei de um evento. Percebi que meu sotaque chamava muito a atenção. A primeira vez foi num restaurante vegetariano perto da UPB. O dono perguntou o que eu tinha achado da comida. Respondi que estava "muy rica" e me despedi. Quando voltei para almoçar lá outro dia, o dono me perguntou: "amiguita, de dónde eres?" [amiguita S2]; respondi que era do Brasil e ele disse: "yo sabía!" - assim, numa comemoração de quem acertou a resposta a uma dúvida muito angustiante. :-D

No quiosque Juan Valdez do shopping Unicentro aconteceu uma situação parecida. Eu já estava quase terminando o curso, havia batido ponto lá praticamente todo dia e uma funcionária me perguntou: "a senhora não é daqui, né?". Eu achava graça nessa curiosidade geral e às vezes tentava dar uma pista pagando com cartão VTM do Banco do Brasil ou deixando o dicionário bem visível em cima da mesa. 

- Já que falei sobre cartão VTM, vamos à questão do câmbio: eu estava insegura com a alta do dólar, tinha medo que o dinheiro não fosse suficiente e troquei R$161 por COP100.000 na área de embarque do aeroporto de Brasília. Uma horrorosa taxa de COP620/R$, quando os sites informam em torno de COP800 a 820/R$. 
Depois troquei alguns dólares no Unicentro. Várias caixas de câmbio funcionam por lá. Recebi COP 2670 por dólar na Western Union. Os sites informavam 2800, mas esse é o valor de compra. No final das contas optei por sacar do VTM. Normalmente tirava 400 a 600 mil pesos de cada vez, para diluir a taxa fixa de 2,50 euros por saque. Ah, sim... meu VTM estava carregado em euros porque foi sobra da viagem à Hungria. A relação euro/dólar estava parecida com a que vemos no Brasil, de forma que não tive prejuízo. Mas é comum que lá o dólar seja proporcionalmente mais valorizado que o euro - nesse caso, melhor levar dólares.

Atenção: nas casas de câmbio a funcionária vai preencher uma ficha com seus dados e tomar sua impressão digital. É obrigatório apresentar o passaporte original. Em Cartagena não teve nada disso porque fiz câmbio numa loja de souvenir em Bocagrande.

- O dilema da gorjeta é fácil: muitos estabelecimentos têm um cofrinho perto do caixa. Acho tão mais prático assim do que ter que adivinhar sob pena de receber caras feias.
 
- Bebi água de torneira o tempo todo e vi muita gente enchendo garrafinhas nas torneiras por aí. Não tive nenhum problema. 

- Muitos lugares têm sinal aberto de internet: a UPB tem um sinal ótimo que cobre bem todo o campus; no hostel o sinal também era excelente. A região do Parque de los Deseos tem internet pública que exige cadastro para uma navegação mais longa; não cheguei a usar. O Unicentro e o quiosque Juan Valdez de lá têm sinal aberto também, naquele esquema de direcionar o início da navegação para a página deles. O sinal do Unicentro dava umas osciladas. 

No final das contas, essas oportunidades de acesso à internet foram mais do que suficientes para mim. Não senti nenhuma necessidade de contratar plano de celular. Se quiser saber como funciona, tem um guia bem detalhado aqui. 

Outro jeito fácil de se comunicar são os orelhões. Funcionam com moedas e a ligação é baratinha - não lembro se 100 ou 200 pesos/minuto para o Brasil (acho que eram 200 mesmo). O orelhão é meio chato e não aceita qualquer moeda, além de não dar muito tempo para você inseri-las. Mas com um pouco de agilidade é possível bater um bom papo. 

- Segurança: tomei os cuidados básicos que tomo aqui no Brasil: não ostentar, evitar áreas puramente industriais ou comerciais em horários sem movimento (ex: centro da cidade à noite), enfim... acho importante seguir as dicas dos nativos, sem paranóias que muitas vezes acabam nos tornando alvo de atenção indesejada. Um lugar sobre o qual vi algumas recomendações foi a Plaza Botero: muito movimento, turistas desatentos e relatos de batedores de carteira. Bem, fui lá e tirei muitas fotos, sem problemas. Os colombianos têm a expressão "dar papaya", que significa "vacilar", "dar bobeira". Procurei ficar mais atenta em alguns lugares mas, para falar a verdade, não me senti ameaçada em nenhum momento.

- Desigualdade social num nível parecido com o do Brasil. Bairros ricos, comunas, camelódromos... enfim, a mistura que não é desconhecida para nós. No bairro El Poblado, que é o mais rico, vi algumas mulheres indígenas com filhos pequenos vendendo artesanato. A região com maior população indígena tem clima árido e está sofrendo com a seca. Aliás, não só a região de La Guajira mas também outras partes do território colombiano. A notícia lá era o stress hídrico e a baixa no nível do principal reservatório de abastecimento hidrelétrico da Colômbia. Campanha de economia para evitar um apagão... pois é, sabemos como é traumática essa história quando no final das contas o apagão se concretiza.

- Os horários são parecidos com os nossos: almoço ao meio-dia, janta em torno das 19h... com a diferença de que a cidade acorda e dorme um pouco mais cedo. Uma vez fui ao shopping jantar perto das 21h e eles estavam fechando. A abertura era em torno das 9h. E falando em shoppings, muitos têm supermercado - algo que no Brasil já foi mais comum.

- Depois de um pouco mais de conversa alguns professores me perguntaram sobre a crise política no Brasil. Estive lá bem na época em que a Câmara dos Deputados aprovou o processo de impeachment da Dilma. Houve quem me perguntasse se era verdade que a situação aqui no Brasa estava mesmo tão feia, pois a mídia lá só dava notícias negativas sobre o país. É triste ouvir isso, mas enfim... Também me perguntaram sobre o 7x1 (aff!), mas não senti maldade. Pareceu mais uma curiosidade legítima: "o que é que está acontecendo, afinal?".

- Muitos vendedores, mas não tantos nem tão insistentes quanto os de Cartagena. Mais do que isso, existe a cultura de se virar nos 30 para complementar a renda. Assim é que na UPB vi alguns estudantes com uma caixa de acrílico contendo doces e uma etiqueta onde se podia ler "ventas estudantiles". É uma forma de ajudar a pagar os estudos.

- Falando sobre a comunidade estudantil: nunca vi tanta gente (principalmente as meninas) com aquelas calças jeans rasgadas de fábrica. Aqui no Brasil tenho visto também, mas não tanto como lá. Se tiver uma, aproveite para usá-la e andar na moda. :-)

- O pessoal é fanático por futebol. Onde houver uma TV passando jogo, haverá uma muvuca de gente em volta. O time com maior torcida é o Atlético Nacional, verde e branco.

- As pessoas se cuidam. Não é aquela coisa neurótica; mas, sim, é possível notar o pessoal com cabelo bem cortado e os rapazes com a barba em dia. Jeans e camiseta com aspecto limpinho já estão de bom tamanho. Eu tinha ouvido sobre essa fama dos colombianos e preferi usar o mesmo tipo de roupa que uso no trabalho, sem nada muito largadão (no verão húngaro às vezes eu ia à faculdade de havaianas, porque meus pés inchavam muito). Não me lembro de ter visto pessoas de bermuda na faculdade, por exemplo. Fui fazer as mãos e vi homens entre os clientes. Ah, e estava passando futebol na TV - com direito a revolta da manicure porque o Atlético Nacional estava perdendo.

Vou ficando por aqui. Até o próximo post!

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